Tuesday, December 11, 2007

Acabou!

A luta mais dura que uma pessoa pode ter é com ela própria. Normalmente as partes em luta são razão e amor, pelo menos no meu caso, ou melhor, na minha maneira de ver as coisas. O amor influencia a razão e vice versa , se bem que este sistema não funciona num equilibrio perfeito, pois o primeiro é bem mais poderoso e influente que o segundo. Quem me conhece ou mesmo quem so lê o meu blogue por curiosidade percebe que vivo no meio deste conflito. De todas a mulheres que ja gostei não ouve ninguem que me tivesse marcado como tu. Essa cena do amar ou la o que é pode se tornar num problema muito chato. E passo a explicar. Quando te vejo apaixono me , logo a seguir fico triste por não te poder ter, quando fujo para longe sinto a tua falta, quando me apaixono por outras faço comparações, e se em qualquer dia de luta me deixo relaxar sou prontamente colhido por um comboio emocional.
Ja jurei , ja tapei os olhos para não te ver , ja tapei os ouvidos para não te ouvir... em vão...
Quando era puto, nos poucos momentos que ficava quieto quando estava na praia da ilha de faro, tinha uma brincadeira estupida que consistia em tapar os meus olhos de maneira a que nem um bocadinho de luz entrasse (se ja tentaram não é assim tão simples), mas mesmo quando conseguia evitar que a luz entrasse continuava a sentir o seu calor.
Para mim és ainda mais forte do que a luz do sol, entras sem pedir licença nos mais proibidos lugares do meu castelo, e os pilares abanam como varas ao vento...
Nunca quis morar num castelo, foram as voltas de vida que me obrigaram a o construir, cada ano mais alto, cada ano mais forte, transformando sem que me aperceba, na mais blindada masmorra.
Porque é que nunca tive uma segunda oportunidade? em que momento perdi o encanto?
Posso sempre tentar ser teu amigo, um exercicio de masuquismo radical que pelo que me vou apercebendo é completamente destrutivo. Não me posso apaixonar por alguem que ja excluiu a mesma hipotese em relação a mim, isto é facil de perceber mas dificil de fazer.
Tu és agua e eu sou fogo, quando nos aproximamos , eu aqueço te e tu acalmas me num equilibrio quase perfeito, mas nunca nos podemos tocar. Nesse momento tu apagas a mais bonita labareda que sai de mim , e em vez de fogo viro cinzas...
Tenho pena, eu tentei, mais uma vez mostrei que este sentimento é o mais puro que ja senti, afasto me respeitado o teu desejo. No velho trapo volto a guardar o desejo, os sonhos , e atiro o para o fundo do barracão, apago a vela, exorcizo o fantasma, e rasgo o retrato da mais bela moça da aldeia. Chegou a hora de me despedir de ti, talvez um dia possa voltar a ser o amigo que sempre quiseste que eu fosse e que até tentei ser.
Sou demasiado sincero, gosto demasiado de ti...
Até sempre

Sunday, December 02, 2007

O ermita e a moça bonita


Cansado de ser fustigado pelos gelidos ventos que se fazem sentir na montanha, o ermita levanta se da pedra fria que tem servido de cama. Com os membros enregelados e com varias gretas nas mãos e nos pés atira se a uma caminhada perigosa, a descida á aldeia. Não é a coisa que faça com regularidade, pois ele próprio renunciou toda aquela agitação, todos aqueles olhares reprovadores. Existe um ditado que gosto especialmente, porque as suas origens são tão primitivas e puras que é irrefutavel na sua conclusão:
" A necessidade aguça o engenho".
Nada explica melhor as punções abstractas que nos lançam em trajectórias incoscientemente escolhidas mas com pontos de chegada bem defenidos.
O ermita avança montanha a baixo sem perceber muito bem porque mas com algo que o move por dentro. As suas barbas queimadas pelo frio revelam o desleixo , a falta de amor próprio e mesmo por dentro ele sente se porco, sujo, fragil...
Da penumbra do bosque lentamente desvenda se o seu vulto caminhante, para logo se esconder na sombra das esquinas e dos telheiros. Vagueia pela aldeia sem querer ser visto, acto cobarde pois ele tem medo dos olhares reprovadores, a sua auto estima é como um trapo jogado na lama e inconscientemente puxa-o para a escuridão aconchegante das sombras.
De repente pelas costas e sem que nada o fizesse prever é surpreendido pela mais bela moça da aldeia, a mais bela moça que seus olhos ja viram. A sua beleza aquece o coração do velho ermita, e o seu sorriso arrasa com o cenário de inverno que os rodeava, á volta dos dois forma-se um circulo de luz, de cor, como se nesse mesmo circulo alguem despejasse toda a magia da primavera. Os dentes podres do ermita aparecem por baixo dos lábios gretados enquanto o sorriso estala a pele seca de um rosto que esqueceu como era sorrir.
Que frustrante saber que este cenário desaparecerá tão rapido como apareceu, os dois sabem que não é possivel embora para o mendigo a recusa de um desejo tão forte seja estupida ao ponto de ter que se enganar a si próprio para a digerir, esfregar areia nos olhos para que estes vertam lágrimas de sangue que colem as suas palpebras a fim de não a ver mais.

Ele nunca devia ter descido porque é que o torna a fazer?

A rapariga gosta dele, vê se na maneira que olha para ele, tem um carinho especial que sem que se aperceba se transforma em pena quando o vê fugir montanha acima chorando sangue...
Volta se a sentar na sua pedra, sente o vento gélido na sua cara, e por la fica...
A esperança que a mais bela das moças que os meus olhos ja viram me venha chamar la a cima nunca morreu.

Infelizmente para mim....