Monday, September 24, 2007

Porque não te olho de frente...

Foge de medo, foge de vergonha, foge de orgulho, foge por fugir...
Auto-reprimido, constrangido, magoado, inseguro...
Assim se comporta o meu olhar, assim se lê a minha alma...
Teus olhos queimam tornando-se impossiveis de fixar, tua voz corta como lanças penetrando em meus ouvidos, e a tua presença é desconcertante.
Assisto ao espétaculo escondido atras do muro da razão, aninhado numa trincheira sentimental, enganado por um falso sentido de sobrevivência de quem na verdade não se importaria de ser atingido...Como se de uma guerra se tratasse, o meu cerebro vira campo de batalha.
Razão versus sentimentos , convicção versus estupidez, ideais versus fraquezas.
A miscelanea de sentimentos é brutal mas não há espaço para a confusão, estou lucido de mais, e no momento em que cruzo olhares contigo sou atingido por um clarão.
Sigo encandeado sem saber sequer o que pensar... pois ja pensei tanto sem chegar a nenhuma conclusão apenas aprendi a seguir em frente.
Esse é o meu porquê...






Friday, September 21, 2007

O fantasma


Dentro de mim, como em cada um de nós, existe um poço. Há quem o chame de inconsciente, mas eu acho que essa estrutura se situa na zona mais conhecida como pré-consciente. Pois o contacto com a parcela consciente é bastante comum, digamos que fica ali num limbo entre estas duas ultimas zonas.
O poço dá agua, tem vida, é base importante para uma auto-suficiencia mental, e la se encontram as mais variadas memórias numa massa homogénia prontas para serem recuperadas pelo balde que continua ligado á consciência. Não há recalque neste poço, tudo o que la existe está pronto para ser recuperado, e coabita em harmonia com essa hipotese. Os recalques são enviados para regiões mais profundas, perversamente guardados nas profundezas do inconciente, afastando as probabilidades de recuperação.
No meu poço existe um fantasma, fenómeno estranho pois não era ali que devia estar. Ficou ali aprisionado fruto de um processo de recalcamento frustrado, acomodou se nakele frio e sombrio nicho de matéria bruta, e por la ficou.
Umas vezes puxa a corda , outras empoleira-se como se quisesse sair, mas maior parte das vezes esta sossegado não levanta ondas...
Vivemos uma paz envenenada, eu finjo que ele não la está e ele hiberna por longos periodos de tempo, mas quando acorda arranha as paredes do poço , as suas unhas estalam , estilhaçam e as paredes escorrem o meu sangue, sangue esse que quase o afoga...
Mas ele resiste...e eu também...e logo fico pronto para usar o poço mais uma vez, sem medo da sua influência, de qualquer perturbação sua...por ora dorme,descansa , hiberna. Mas em nenhum momento me esquecerei da sua presença e do seu potencial destrutivo...
O fantasma faz parte de mim, nasceu no meu interior, filho bastardo de uma influência exterior, que ainda hoje me assombra...

Wednesday, September 12, 2007

Do Fundo Do Baú


De todos os anos que tive banda e era vocalista uma das coisas que herdei foram um conjunto de musicas e letras de musicas que esvoçam entre o consciente e inconsciente num ciclo permanente. Há letras nas quais não penso faz anos, mas continuam la, no fundo do baú, imaculadas pois são quase inacessiveis. Muitas são as letras que com um maior ou menor esforço acabo por me lembrar, mas outras há que estão bem fundo que por muito que tente não as consigo puxar para cima, estas têm vontade própria, musicas esquecidas no tempo e perdidas na memória de quem teve o prazer de as ouvir, das tocar ou mesmo de as compor. O meu amor a elas e o empenho com que as interpretei, ligaram nos como se de um pacto de sangue se tratasse, esquecido mas presente.
De repente, como hoje por exemplo, saltam a barreira que as separam do presente e auto invocam-se permitindo que com um esforço minimo as consiga recuperar na totalidade. Deixo-vos com estas duas letras que são nada mais do que fragmentos de bons velhos tempos e que hoje enquanto viajava a velocidades pouco aconselhaveis na minha flechinha fizeram o favor de saltar a tal barreira e exigir o sua memória.


Desert Island
Letra de : Pai do Kiko , nos seus tempos de juventude

Do you know what is like to be in a clock with no hours,
in a garden with no flowers ,
in a world without love,
while the birds keep flying above
I want to evade this insanity,
and try to find some liberty.
I will sail away thru this ocean of sorrow,
seeking hope in a new tomorrow.

When i found a Desert Island
I will be free.


The Devil
Letra de : Rui "Má Fila" Freitas

Somes times i wonder
If the Devil exists
with an evil mind
and blood fists

Then i realize
the evil is outhere
the Devil is waiting is time
waitting to reveal himself

THE EVIL IS OUTHERE !





Monday, September 10, 2007

Brain waves

A nossa disposição (mood) funciona numa forma de onda sinosoidal. Nos dias em que estamos em alta raramente olhamos para dentro de nós, olhamos para fora pq estamos tão cheios de bom feeling, autoconfiança, felicidade, sei lá, que não damos importância aos espinhos cravados no nosso inconsciente. Nos dias em que estamos em baixa, a fustração, os baixos niveis de autoconfiança e a tristeza, abrem as portas a um mundo interior assustadoramente vazio, como se entrasse mos num barracão enorme quase vazio, restando apenas uma ou outra recordação deixada propositadamente para nos lembrarmos o que antes la havia.
Hoje não tou em alta nem em baixa, tou mais ou menos a meio da curva, sem alegrias ou tristezas, sinto me algo zangado comigo mas ao mesmo tempo sinto que não me devo culpar. Continua me a faltar qualquer coisa ainda que na minha cabeça uma voz me diga que ainda la estão as peças todas...
Viver é muito parecido com um jogo de orientação, só nos apercebemos que fizemos merda la atrás quando no nosso caminho se ergue um gigantesco obstáculo. Como não sou de voltar pa tras, se não conseguir supera-lo a unica solução é parti-lo, abrir um buraco mesmo pelo meio dele expondo toda a sua estrutura e talvez aí perceba o que estou a fazer mal e o que há a fazer para solucionar a situação...


Farto...


" Se a minha mãe me visse agora" pensava eu enquanto subia a Av. da Liberdade comodamente sentado no banco traseiro de um velho 190d , com o óculo escuro na tromba e o mp3 a cantar malcriado. Num portátil novinho dava os ultimos retoques em mais um spot institucional para a reitoria, e com um olhar importante de saloio com a mania, olhava as miudas como quem diz "queres dar uma volta no meu taxi?". BIIIIPPP BIIIIIIPPP "fodasse tu tas pior que bebado, tas atravessado!!!" grita o motorista para um labrego qualquer que com uma carrinha quase varre o taxi da face da terra, o dito labrego estica o braço , manda o motorista para o caralho e segue caminho....
Dentro do taxi o clima fica pesado, não sei se hei de rir ou chorar, pois o motorista fica com uma cara de parvo que não consigo descrever. Ele olha para mim como que pedindo permissão para vomitar toda a sua raiva mas eu faço me de esquisito , afundo os olhos no ecrã do portatil e faço aquela cara de quem esta muito ocupado para conversas, o motorista não consegue estancar um "filhos da puta, tou memo farto" tal era a força da fustração. Levanto o olhar , e faço aquela cara de "tens bom remédio" e afundo me outra vez na maquina.
Aquele desabafo continuou ás voltas na minha cabeça, perdido nos confins dos meus labirintos cognitivos até que um dia vem ao de cima , depois de ser muito mastigado, e toma a forma de "eu também estou farto".
É verdade, estou. E não é com queixinhas que vou deixar de estar, olho em frente e não vejo nada, ou melhor muito pouco, vejo as minhas forças a serem sugadas por um trabalho que cada vez exige mais de mim, mas em que não ganho nada com as crescentes exigencias. Não me parece que seja uma boa sombra para me deitar. Não me importo de trabalhar, mas se é pa trabalhar que seja a sério e seja recompensado pelo o meu esforço. Facilmente poderia me acomodar, é tão facil, até podia começar a fazer menos, ganhava o mesmo se bem que a pressão aumentaria mas só até ser rotulado como incompetente pois estou certo que me deixariam sossegado na minha sombrinha.
Não tou pa isso nem pa dar a mão há frustração, quero ser maior , fazer mais , ajudar, fazer conquistas , andar para a frente e não é neste autocarro sem rodas que vou realizar os meus sonhos.