Wednesday, November 14, 2007

O Barracão


No fundo do velho barracão, naquele canto esquecido, emparedada em tralha poeirenta e obsoleta, uma velha vela ainda arde. Uma simples brisa poderia por em causa toda a estrutura e em poucos instantes todo o barracão poderia ficar destruído. Alias, é curioso como ainda se aguenta em pé visto que foi construido mesmo no centro da tempestade, na rota dos ventos mais fortes. Mas la continua ele, feio e sujo , abandonado no descampado. E a vela? que vela é aquela? de que é feita e porque ainda arde naquele canto esquecido? A chama com vigor reclama o seu espaço no interior do velho barracão e por mais tralha que se ponha á frente a luz continua sempre visivel. Qual será o seu combustivel? Um sonho utópico de felicidade? não sei mesmo responder...
Lembro me do tempo em que este barracão ainda cheirava a verniz, todo limpinho por dentro, sem tralhas, tudo funcionava bem. A guerra é que o deixou neste estado, tanta tempestade, tanta pilhagem deixaram-no numa sombra de si próprio. Como é possivel virar a outra face a uma destruição deste tipo, por fraqueza ? por estupidez? ou com base na ténue esperança que tudo se recomponha.
Sem trabalho não há obra e enquanto continuar a olhar para o barracão e para as fantasmagóricas sombras de fogo que por la dançam não poderei cheirar de novo o verniz fresco... Pensando bem, eu nem sequer tenho as ferramentas, foram me roubadas em tempos de guerra...


Podes devolve-las por favor?

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